Caboclo deixa os problemas no passado, vira a página e encara retorno à Seleção como um recomeço na carreira


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Foto: A1 Minuto - Leonardo Siqueira Moreira.jpg

Foram quase dois anos longe da Seleção Brasileira. Neste período, muita coisa mudou na vida de Bruno Caboclo. O ala de 2,06m trocou de time, se tornou pai, amadureceu rápido e ganhou uma nova chance de defender o seu país. O ato de indisciplina cometido durante a Copa América de 2017, na Colômbia, ficou no passado e já é página virada. Aos 23 anos, o jogador do Memphis Grizzlies não tem mais tempo a perder e encara sua convocação para a Copa do Mundo da China, de 31 de agosto a 15 de setembro, como um recomeço.

- Eu encaro esse retorno como se fosse minha primeira oportunidade na Seleção. Na última passagem talvez eu tenha sido um pouco imaturo e não conto muito, mas isso é página virada na minha vida e daqui em diante vou sempre estar pronto para dar o melhor e ajudar o Brasil - afirmou o camisa 5 dos Grizzlies.

Apesar dos percalços, Caboclo jamais pensou em jogar a toalha ou tampouco temeu em não ser mais chamado para a Seleção. Muito pelo contrário. De origem humilde, o paulista de Osasco aprendeu desde cedo que a caminhada para realizar o sonho de um dia se tornar jogador profissional não seria nada fácil.

- Meus pais sempre fizeram tudo por mim. Quando comecei a jogar basquete na infância eu acordava às 6h, ia para a escola, não almoçava, ia direto para o treino e só voltava para casa às 20h. Era todo dia essa rotina pesada. Apesar das dificuldades, nunca pensei em desistir, sempre tive meu foco de chegar à NBA, fui colocando metas e tive paciência. Não era o melhor do time, mas fui subindo degrau por degrau e tinha uma motivação enorme que superou tudo. O basquete sempre me deixou seguro. O Ariosvaldo, meu primeiro técnico, acreditou em mim desde meu primeiro ano no basquete e foi muito importante na minha carreira. Quando muita gente falava que eu não era bom o bastante ele dizia que eu chegaria à NBA. Depois que ele falou isso eu sempre acreditei, dei o meu melhor e trabalhei muito para chegar à Seleção - lembrou o jogador que completa 24 anos em setembro.

Um dos únicos convocados por Aleksandar Petrovic para o período de preparação para a Copa do Mundo da China a não ter participado de nenhuma janela válida pela classificatória - o outro foi o pivô Cristiano Felício -, Caboclo chegou calado, de mansinho. Natural para quem só conhecia a maioria de seus novos companheiros de nome. Mas o ambiente leve e de muita camaradagem entre os atletas tem deixado o quase calouro cada vez mais solto.

Se nos momentos de descontração ele tem sido um dos alvos preferidos dos veteranos, em quadra seu trabalho tem sido levado muito a sério por todos. Principalmente por Petrovic, que elogiou o desempenho do ala durante a primeira semana de treinos no Ginásio Internacional Newton de Faria, em Anápolis (GO), casa do Brasil até o dia 8 de agosto, data do primeiro amistoso contra o Uruguai. A Seleção volta a enfrentar os rivais sul-americanos no dia 10, em Belém (PA).

- Estou muito ansioso para ver como ele se sairá jogando no 5 contra 5, mas já mostrou muita vontade durante os treinos e está totalmente incorporado ao grupo. Ele jogou os últimos seis meses em Memphis e na Liga de Verão (Summer League) exatamente na função que precisamos aqui na Seleção. Ele pode abrir a quadra, pode penetrar, pode chutar, mas o mais importante é que defensivamente pode fazer muitas coisas. É um jogador completo, mas temos que ter um pouco de paciência para encaixá-lo no nosso sistema ofensivo - explicou Petrovic.

Depois de cinco temporadas difíceis e de poucos minutos de quadra com as camisas do Toronto Raptors e do Sacramento Kings, Caboclo ganhou uma nova chance com a mudança para Memphis e caiu como uma luva no elenco dos Grizzlies. Titular em 19 dos 34 jogos que disputou na temporada 2018/2019, o ala não se assusta com a responsabilidade de ser um dos dois jogadores convocados que atuam na NBA.

- Estou preparado e tenho bastante coisa para mostrar ainda. Não acho que esteja no auge da minha forma, mas vou dar meu máximo nos treinos e acredito que vou ajudar bastante o Brasil a conquistar um grande resultado na Copa do Mundo - aposta o jogador, que não se surpreendeu com sua rápida adaptação à nova casa.

- Eu esperava coisas boas sim, meu basquete estava lá e acho que precisava só de uma boa oportunidade para mostrar meu potencial. Acho que o Memphis me deu tempo de quadra e confiou em mim, e essa confiança me deixou mais solto para poder jogar meu basquete. Acredito que daqui em diante as coisas só vão melhorar.

Se para os fãs brasileiros a presença do gigante Giannis Antetokoupos no quinteto da Grécia chega a dar calafrios e soa como uma ameaça à Seleção Brasileira, para Caboclo a oportunidade de encarar o MVP da última temporada da NBA é apenas um desafio a mais na sua promissora carreira.

- É claro que ele é um dos melhores da liga e foi eleito o MVP da temporada passada, mas o trato como qualquer outro jogador. Enfrentá-lo será um grande desafio para mim, estou muito motivado e muito ansioso para jogar contra ele - ressaltou Caboclo, que enfrentará o jogador do Milwaulkee Bucks pela primeira vez.

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