Oscar se emociona em homenagem máxima do Comitê Olímpico do Brasil


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Oscar Schmidt não segurou as lágrimas. Também, a terça-feira foi emocionante para o Mão Santa. O ex-jogador foi o grande homenageado da noite no Prêmio Brasil Olímpico, o maior troféu da noite de gala do esporte olímpico brasileiro. Oscar recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva. Criado em 2001, troféu tem como objetivo homenagear atletas e ex-atletas que representem os valores que marcaram a carreira e a vida de Adhemar, bicampeão olímpico no salto triplo, tais como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo.


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- Eu sou um brasileiro. Um grande brasileiro. E eu preciso contar três histórias. Primeiro, lembrar do Sírio, que me fez ganhar tudo. Brasileiro, Paulista, Sul-Americano, Mundial. E aí eu preciso homenagear o meu parceiro, Marcel de Souza. A outra, é a história do Draft dos Nets. Eles me selecionaram no sexto round. E aí eu falei: 'Vocês vão ver o que é bom'. Eu queria um ponto por minuto. E só fui lá provar que eu era capaz. Se ficasse lá, não poderia representar o nosso Brasil. E isso eu não queria. Tenho que agradecer a pessoa mais linda que já vi, a melhor pessoa que já vi, a minha menina, Maria Cristina, 44 anos junto comigo - disse Oscar Schmidt.

O "Mão Santa" nasceu em Natal, em 16 de fevereiro de 1958, mas passou por Brasília e São Paulo e entrou para a história do esporte olímpico nacional nos Estados Unidos. Diferentemente de muitos atletas do basquete que se dedicam à NBA, principal liga da modalidade no mundo, Oscar se recusou a jogar o campeonato para poder continuar defendendo a seleção brasileira. Até 1989 apenas amadores poderiam jogar os torneios de seleções.

E foi assim que ao lado de Marcel, Guerrinha, Gérson, Israel, Amaury e outros grandes nomes, liderou o Brasil em um dos maiores feitos da seleção masculina de basquete: o ouro nos Jogos Pan-americanos em Indianápolis 1987 vencendo os americanos por 120 a 115, de virada. Era a primeira vez que os EUA perdiam um jogo em casa.

Mas esse é apenas um dos feitos de Oscar. Ele disputou os Jogos Olímpicos de Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996. E é o recordista de participações na modalidade, com cinco, ao lado do portorriquenho Teófilo Cruz e do australiano Andrew Gaze. A boa estatura (2,05m de altura) e o talento para jogar basquete, aliados à dedicação e ao profissionalismo, permitiram ao brasileiro ser o cestinha dos Jogos em 88, 92 e 96, um recorde. Mais do que isso, tem o feito de ser o maior cestinha da história das Olimpíadas com 1.093 pontos. Ninguém acertou mais cestas de dois pontos, de três pontos e em lances livres em Jogos Olímpicos que ele.

Em Seul, Oscar se tornou o maior cestinha de uma partida de Jogos Olímpicos ao assinalar 55 pontos contra a Espanha e conseguiu a impressionante média de 42,3 pontos por jogo, recorde até hoje. Vale destacar que em 88 o ala já tinha 30 anos.

Filho de militar, Oscar sempre foi incentivado a praticar esportes. Mas a bola laranja não foi sua primeira escolha, o esporte preferido era o futebol. O basquete só entrou na vida do craque quando se mudou para Brasília, aos 13 anos de idade, e ingressou no Clube Unidade Vizinhança, primeiro clube dele, treinado por Laurindo Miura. Em 1974, aos 16 anos de idade, Oscar foi para São Paulo, para iniciar sua carreira no infanto-juvenil do Palmeiras. Apenas 3 anos depois, foi eleito melhor pivô do sul-americano juvenil e, com isso, garantiu vaga na seleção principal, com a qual foi campeão sul-americano e ganhou uma medalha de bronze no campeonato mundial das Filipinas, em 1978.

Oscar jogou 11 temporadas na Itália, de 82 a 93, 8 pelo Juvecaserta e 3 pelo Pavia, onde anotou 13.957 pontos, se tornando o primeiro jogador a ultrapassar a marca de 10 mil pontos no Campeonato Italiano. A passagem foi tão marcante que Oscar teve seus números nos clubes aposentados: o 18 do Juvecaserta e o 11 do Pavia. Mas em 84 quase foi parar nos Estados Unidos. O desempenho dele nos Jogos de Los Angeles foi tão marcante que o New Jersey Nets, de Nova York, tentou contratá-lo após o torneio. Já a passagem pela Espanha, no Forum Valladolid, após Barcelona 1992, rendeu um livro chamado "Jugar como Oscar", do escritor Felix Angel. No Brasil, ainda passou por Corinthians, Bandeirantes, Mackenzie novamente, até se aposentar no Flamengo, em 2003.

Após se retirar das quadras, Oscar passou a se dedicar a palestras sobre sua rica história de vida, marcada pela superação de grandes obstáculos, inclusive um tumor no cérebro, graças à sua dedicação e à paixão que coloca em tudo que faz. Já são mais de 800 palestras ministradas.

O Troféu Adhemar Ferreira da Silva vai se juntar a uma grande lista de homenagens que Oscar já recebeu. Ele foi nomeado um dos 50 Maiores Jogadores de Basquete da História pela FIBA em 1991. Em agosto de 2010, foi incluído no Hall da Fama da FIBA, em reconhecimento ao que jogou em competições internacionais. E em 2013, Oscar, mesmo sem nunca ter atuado na NBA, colocou seu nome no Hall da Fama do Basquete dos EUA.

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