História viva: conheça Seu Nilton Agra, um dos grandes árbitros do basquete brasileiro


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Nilton Agra nasceu em 13 de dezembro de 1926. Desde já, feliz aniversário! Ali, ele ainda não sabia, mas o basquete estaria enraizado na sua vida. Nilton é pai de Eduardo Agra, ex-jogador do Sírio e da seleção brasileira, e foi o responsável pela paixão do filho pela laranja. E se não brilhou tanto com ela nas mãos, Seu Nilton foi um craque na arbitragem. Hoje, aos 93 anos, ele pode se gabar de ter sido um árbitro internacional da Federação Internacional de Basquete (FIBA), e tem um verdadeiro museu da sua vida no Recife, onde mora com a filha Angela Agra.

- O Eduardo sempre foi um obstinado. Com 17 anos, levei ele para São Paulo e por suas qualidades foi levado para o Sírio. Sempre o acompanhei de perto em todas as suas fases. A glória e o sucesso foi seu esforço e saber o que desejava - conta Nilton Agra.


Foto: Arquivo Pessoal.jpg

De São Paulo, onde hoje é comentarista, Eduardo Agra falou sobre a importância do pai na sua vida dentro do basquete.

- Eu nadava, queria ser nadador. Toda minha história de basquete aconteceu por conta dele. No nosso clube tinha um nadador olímpico, era o ídolo de todos nós. E eles nos levava para os Brasileiros de basquete. Quando vi um jogo de basquete, o primeiro, foi com ele, em Belo Horizonte. São Paulo e Minas decidiram o Brasileiro. Juvenil. Jogava o Dodi, Carioquinha, Adilson. Eu me apaixonei pelo basquete. Meu grande ídolo e inspirador da carreira foi o José Geraldo, o mais elegante que vi na minha vida. Mas tudo muito junto do meu pai, que sempre me acompanhou no começo da carreira. Eu não lembro do meu pai não estando junto comigo na carreira - se recorda Eduardo Agra.


Foto: Arquivo Pessoal.jpg

Nilton conheceu o basquete em 1941, nas aulas de educação física do Ginásio Pernambucano. De lá, foi atuar no Sport Recife, onde ficou até 1957. Se destacou e tornou-se jogador da seleção pernambucana nos Brasileiros de 1951, no Recife, e 1953, em Belo Horizonte. No mesmo ano de 1951, ele foi campeão do "Ano Santo" pelo SCR diante do Náutico.

O começo na arbitragem foi em 1954, quando Nilton Agra participou do campeonato juvenil em Fortaleza. Ele conta que imitava os gestos e até a corrida de Renato Righetto, árbitro de São Paulo: "Fazia como suas corridas e deslocamentos. Fui considerado o melhor árbitro do torneio", se recorda, lembrando também que o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, o chamava de "Righetto de Pernambuco".


Foto: Arquivo Pessoal.jpg

No ano de 1959, Seu Nilton foi convidado para fazer um teste internacional no Sul-Americano, em Cúcuta, na Colômbia. Acabou aprovado. Seu companheiro foi Hélio Louzada, do Rio de Janeiro: "A partir dali fui estudando e melhorando minha própria técnica e crescendo como árbitro e professor".

- Foi uma maluquice ter três árbitros numa área de 30m x 15m. Alguém quis dar emprego para alguém. Fiz quatro experiências. Dois jogos com três árbitros e dois jogos com dois. As mesmas equipes. Resultado: em um jogo com três árbitros, uma falta a mais. Numa partida com dois ou três árbitros, o número de faltas se mantém dentro da categoria técnica delas. E pela experiência feita, as faltas não aumentaram ou diminuíram por conta do número de árbitros. Mecânica difícil, e gostaria de conhecer o autor da maluquice de três árbitros - brinca Nilton.


Foto: Arquivo Pessoal.jpg

Em 1961, Nilton Agra participou de um momento importantíssimo do esporte. Ele foi convidado por Ivan Raposo, então vice-presidente da CBB, para participar da Reunião da Comissão Técnica da FIBA, em Obertraun, na Áustria. Depois, foi para Munique, na Alemanha, na então sede da FIBA. Ali, em 26 de janeiro de 1961, as novas regras do basquete foram estabelecidas.

- Meu jogo inesquecível foi a final dos Jogos Pan-Americanos de Cali entre Estados Unidos e Cuba. O comitê escalou Renato Righetto e Airaldo. Mas os EUA não aceitaram. Arbitrei o jogo com o Laercio Costa e os Estados Unidos foram campeões. Durante o jogo, aconteceu um lance desconhecido porque as regras tinham sido alteradas em janeiro pela FIBA. A decisão que tive ainda era desconhecida, mas a mantive e era contra os Estados Unidos. Isso me valeu a oportunidade de repassar para técnicos das equipes o assunto e recebi elogios do Comitê do Pan - conta Nilton.


Foto: Arquivo Pessoal.jpg

Nilton passou então a viajar o país para explicar as novas regras. Em 1961, ele deu um curso em Franca, São Paulo, para 35 árbitros, durante 12 dias: "Todos precisavam ter conhecimento das modificações". Naquele mesmo período, Franca recebeu o Brasileiro adulto com todos os árbitros testando seus conhecimentos.

- O que mais sinto saudade é de estar em uma quadra arbitrando uma partida, seja oficial ou uma pelada. Para mim, sempre foi emocionante, valendo algo como um Mundial ou uma pelada - brinca Seu Nilton.


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Por 15 anos, Agra foi o diretor dos Cursos de Padronização de Arbitragem criados pela Confederação Brasileira de Basketball. Como árbitro, esteve em cinco Mundiais, três Sul-Americanos, um Centro-Americano e dois Jogos Pan-Americanos, além de dois Nacionais na Venezuela.

- Ele continua com o mesmo entusiasmo, assistindo aos campeonatos nacionais e internacionais na TV, e quando possível, também vai nas quadras, fazendo comentários nas suas redes sociais sobre o esporte e sua vida na arbitragem. Acredito que esse é um dos motivos para ele seguir lúcido e vivo - disse a filha Angela Agra.


Foto: Arquivo Pessoal.jpg

Seu Nilton acompanha a CBB de perto. E tem elogios para a nova gestão de Guy Peixoto.

- A evolução de uma modalidade depende de duas coisas básicas: bons árbitros e bons técnicos. Tem que ter os dois. Nas últimas gestões, foi o mesmo presidente e o basquete acabou. Os árbitros e técnicos também. Aos poucos, o presidente Guy Peixoto está conseguindo levantar - garantiu Seu Nilton.


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