Posterizamos na base: Por que o basquete de base?


icone facebook icone twitter icone whatsapp icone telegram icone linkedin icone email



Oi! Sou o Arthur Salazar; Arthur do Posterizamos; Salazar; Arthur… Confesso que o vulgo não interfere, mas basicamente eu sou um louco por basquete que descobriu o basquete de base como canal para externar essa paixão maluca e desde setembro de 2019, a minha vida é o basquete de base. São quase 3 anos de trabalho, que mudaram completamente o meu cotidiano profissional e pessoal. Resumidamente, foi por conta dessa decisão que hoje eu posso sonhar em viver da bola laranja e escrever sobre a cena mais emocionante do basquete.

Pra mim, essa última frase: “escrever sobre a cena mais emocionante do basquete” é uma surpresa, afinal, sou um fotojornalista que às vezes disserta alguma coisa e dá opinião em forma de comentários, e tudo isso sem diploma que valide essa descrição. Exatamente por essa confusão toda, me surpreende poder usar logo a CBB como plataforma para “escrever sobre a cena mais emocionante do basquete”. De certa forma, essa oportunidade me garante alguma credencial que valide o perfil complexo que me colocou aqui… No fim tudo faz sentido, mesmo que baseado em idas e vindas.

Bom, quando recebi esse convite fiquei obviamente perplexo e logo percebi que não tinha ideia de qual seria o primeiro tema, ou melhor, o que usar como primeiro tema para que me garantisse pelo menos uma segunda chance. Seria esse um ótimo momento para aproveitar os incríveis feitos dos meninos e meninas 2004 que colocaram o Brasil no Mundial? Ou é hora de falar sobre Gui Santos e NBA? Com certeza esses são tópicos que valem destaque, e na verdade devem até ser melhores do que o tópico escolhido, isso porque, decidi que quero falar sobre o basquete de base em sua essência.

(Desculpa… Prometo que escrevo sobre esses temas em alta mais pra frente)

Porque o basquete de base? Porque o basquete de formação me conquistou e conquista qualquer um que lhe dá chance? Como pseudo-especialista dessa brincadeira toda, acho que tenho uma tentativa de resposta!

Tudo começa com essa afirmação: o basquete de base é apaixonante, já que seus protagonistas são inesperados; desconhecidos e irreverentes. Além disso, também são desacostumados com o estrelato e é justamente essa incompreensão que os torna mais próximos da nossa realidade. Sua atmosfera é experimental e errar é sinal de progresso, afinal, a evolução é constante e assim o basquete de base abraça a imperfeição de forma única. Não existe apenas um caminho, e então, muito menos um caminho certo. Curiosamente, o efeito surpresa é a única constante dessa equação.

Quando você pisa em uma quadra com jovens claramente famintos e definitivamente confusos, fica evidente que aquele não é o mesmo jogo que se vê no basquete adulto. É em uma partida com esse contexto que a história é escrita na mesma hora e o futuro dos sujeitos envolvidos se molda ao vivo. Com o basquete de formação, você assiste de perto a metamorfose de "indivíduosinhos" que podem ou não chegar ao topo do esporte, e portanto, não existe uma obrigação por resultados, já que o desenvolvimento é o produto final.

Existe no basquete de base a possibilidade de sempre descobrir algo novo. Na perspectiva do espectador, o produto que você consome está em constante evolução, e dessa forma, fadado a apresentar resultados e personagens diferentes. Na ótica do atleta, cada jogo é uma nova oportunidade de se colocar no radar, e cada confronto é muito mais que apenas um jogo de basquete, é uma colisão de histórias.

Está aí outro ponto que enriquece muito o nosso basquete de formação: os diferentes trajetos percorridos. Nesse cenário, tem de filho de jogador a filho de enfermeira. Tem menina da periferia e menina do centro. Tem de tudo. Tem técnico que sempre quis e sonhou com isso, e tem técnico que está descobrindo o amor pelo basquete na beira da quadra. Não existe primeiro passo que seja melhor do que outro.

O fator "talento" também aparece em peso e é evidente nas categorias de base. A possibilidade de acompanhar a evolução de um jovem talentoso anima bastante e dá um senso de pertencimento, mesmo como espectador, à história desse. Apesar de ser muito importante para chamar a atenção, a capacidade individual e plasticidade de um atleta não é o que prende um fã ao basquete de formação.

O basquete de base lembra muito a vida cotidiana e aí mora seu maior trunfo. Com constantes inconstâncias ele é completamente imprevisível. Se baseia em esforços daqui e sorte dali, e no fim é alicerçado em circunstâncias e não em certezas. Tudo pode acontecer, e posso garantir que realmente tudo acontece. No meio do esporte, aprendemos a valorizar o sucesso e a performance acima de tudo, mas é no basquete em seu estágio mais fundamental que descobrimos o valor do processo.

Tá aí o porquê do basquete de base ter me fisgado: a simplicidade com que ele lembra a vida, mesmo fazendo parte de um mundo competitivo. E de um jeito ou de outro, isso me conquistou… Pode ser que eu seja só um maluco qualquer que ama a bola laranja a qualquer custo? Pode! Mas se fosse preciso, eu com certeza apostaria que o basquete de base tem essa habilidade de convencer e que eu não sou a exceção que prova a regra.

Fonte: Arthur Salazar (Posterizamos)

« Voltar