Lance Livre #4: o duro caminho rumo a uma vaga olímpica - Parte 1


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Por Paulino Lamenha

A partir do dia 6 de fevereiro, a seleção brasileira feminina buscará uma vaga para sua 8a participação olímpica consecutiva. Mas ao contrário do que possam imaginar, os caminhos rumo aos jogos quase sempre foram bem difíceis e, por muitas vezes, dramáticos. Como aperitivo para o pré-olímpico mundial, vamos lembrar nas próximas colunas os torneios disputados desde 1976 até a conquista de nossa primeira vaga, em 1992.

40 anos após a introdução do basquete masculino em Olimpíadas, as mulheres finalmente tiveram sua chance nos jogos de Montreal. A estreia no torneio contou com apenas seis seleções participantes. Bicho papão na época (atual pentacampeã), a URSS da gigante Uljana Samjnova (2.13m), assim como Japão, Tchecoslováquia (2o e 3o no mundial de 75), e Canadá (sede) já tinham suas vagas asseguradas. Outros nove países disputaram o primeiro pré-olímpico mundial da historia da modalidade que ofereceu apenas duas vagas. O Brasil, por ter terminado o mundial em 12o, não pode participar da disputa. EUA (de Nancy Liebermann) e Bulgária foram as classificadas.


Foto: Arquivo.jpg

O 9o lugar no mundial da Coreia de Sul em 1979 deu nova chance as meninas de estarem em uma Olimpíada, agora em Moscou. Novamente, apenas seis seleções teriam a chance de buscar o ouro. Desta vez o pré-olímpico mundial abriu cinco vagas, pois apenas as soviéticas, anfitriã dos jogos, estavam classificadas. 22 países participaram do torneio, e o Brasil (já contando com a dupla Paula e Hortência) compôs o grupo C. Mesmo com uma vitória sobre a Irlanda (84 x 72), as derrotas para a Tchecoslováquia (88 x 60) e Franca (65 x 64), impediram a continuação do sonho. Bulgária, Iugoslávia, Hungria, Cuba e Itália se classificaram. As italianas porém herdaram a vaga dos Estados Unidos, que boicotaram os jogos.

A boa participação no mundial de 1983 em São Paulo (5o lugar), e o boicote de Cuba e URSS, anunciava a grande chance brasileira em debutar nos jogos. Para Los Angeles 1984 (ainda com apenas seis seleções), o torneio classificatório realizado em Havana no mês de maio (ainda não havia sido anunciado o boicote) contou com 19 seleções. Mesmo com Hortência e Paula já encantando o mundo (cestinhas da competição com médias de 24.7 e 24 pts), o Brasil novamente perdeu dois importantes jogos (Iugoslávia 78 x 70, e Canadá 85 x 83). O triunfo solitário (sobre a GBR por 81 x 57) não foi suficiente para classificação a fase final. Coreia do Sul e China (que viriam a ser medalhistas olímpicas), além de Canadá, Iugoslávia e Austrália (já com Robin Mayer), carimbaram o passaporte para as Olimpíadas do Tio Sam.


Foto: Arquivo.jpg

Em 1988 mais uma oportunidade. Era o pré-olímpico mundial da Malásia, com 24 seleções e, pela primeira vez, seis vagas em disputa. EUA e URSS, já pré-classificados (campeões e vice no mundial de 1986), completariam o quadro das oito seleções que disputariam os jogos de Seul.

Talvez muitos lembrem daquelas manhãs de junho. Nem mesmo a péssima qualidade das imagens era capaz de desconectar nossas atenções daquele time que, além das estrelas maiores, contava com as Vânias (Teixeira e Hernandes), Branca, Nádia, Marta, Ruth, Zezé, Ana Regina e a jovem Janeth Arcain. Porém, o sucesso verde-amarelo neste torneio foi brecado pela má sorte no sorteio dos grupos: caímos junto com dois fortes times da época (China de Zengh Haixia e URSS de Zasoulkaya). Vencer uma delas, além de Espanha (ainda engatinhando no basquete feminino), Taipé e Angola, era fundamental para avançar. Vencemos três jogos, mas não conseguimos superar as favoritas e, mais uma vez, ficamos de fora da fase final do torneio. O basquete feminino em Seul contou com EUA, Iugoslávia, URSS, Austrália, Bulgária, China, Coréia do Sul e Tchecoslováquia (ordem da classificação final nos jogos).

O sonho olímpico teria que esperar mais quatro anos. O que não imaginávamos era que a década de 90 nos traria não só a vaga, mas outras conquistas que entrariam definitivamente para a história do nosso basquete feminino.

Semana que vem, a continuação dessa trajetória!

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