Basquete feminino: o que precisa ser feito para que o futuro seja dourado?


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Por Felipe Souza

Dias atrás, a seleção brasileira foi superada pela Austrália por 86 a 72 no Pré-Olímpico de Bourges (França) e com a derrota, o Brasil ficou fora de uma Olimpíada pela primeira vez desde Barcelona em 1992. A decepção por parte dos torcedores, atletas e comissão técnica é normal.


Foto: Divulgação/CBB.jpg

Todos esperávamos que a classificação viria, muito por causa do basquete que vimos essa equipe comandada pelo José Neto desempenhar no Pan-Americano de Lima. Infelizmente ela não veio e a partir desse resultado, é natural buscar entender aonde falhamos. Porém, o buraco desse problema é muito mais embaixo do que a perda da vaga olímpica nesse Pré-Olímpico. Na verdade, é até mais antigo.

O Brasil tem dificuldades em buscar novos talentos femininos e até mesmo ter campeonatos de excelência. Sei disso e não vou aqui na coluna falar que está tudo perfeito. Mas só apontar o dedo hoje para um possível culpado é fácil. Por isso, te convido a ver as coisas com uma outra ótica.

Antes de mais nada, para quem acompanha a saga do basquete feminino há anos, sabe o quanto as gestões anteriores deixaram de olhar com carinho a modalidade. Porém, a atual gestão mostra um empenho muito maior para fazer com que o basquete feminino evolua no país.

No ano passado, cerca de 200 meninas jogaram os brasileiros de base e em 2020 vamos ter competições femininas. A Confederação Brasileira de Basketball (CBB) vai realizar campeonatos brasileiros de sub-12 a sub-23 no basquete 3x3 e de sub-14 a sub-23 no basquete 5x5. A Confederação vem fazendo o seu papel em promover a modalidade. Mas o que falta para o basquete feminino evoluir?

Na minha visão, duas coisas: evolução técnica/tática dos times e apoio financeiro. Entendo que são temas que poderia escrever aqui uma série sobre esses assuntos, mas vou tentar ser o mais breve e didático possível.

A parte financeira pesa bastante e isso é um fato. Pois com dinheiro, os times melhoram as suas infraestruturas e a CBB também conseguiria investir na capacitação dos técnicos e um apoio maior para as federações. Hoje estamos vendo a confederação começar a se estruturar aos poucos, mas quantos times buscam patrocínios e têm processos sólidos dentro da sua gestão, que permite com que o time tenha uma saúde financeira saudável e assim possa focar no trabalho de aquisição de parceiros? E mesmo os times grandes que possuem equipes adultas, quantos investem no trabalho de base feminino?

Pois é, são muitas perguntas e provavelmente poucas respostas. Entendo que muitas vezes é fácil falar, mas assim como a CBB entendeu a sua real situação e vem trabalhando aos poucos para se reerguer, os times também precisam fazer isso.

Na parte da evolução técnica e tática, esse problema passa muito pela formação do atleta. No primeiro momento por que poucas escolas públicas e privadas incentivam a prática do esporte e isso atrapalha diretamente o surgimento de novos atletas. Do outro lado, a pouca exposição do basquete feminino nas mídias tradicionais faz com que a modalidade não se popularize e isso é péssimo.

Além do pouco incentivo ao esporte, a capacitação dos treinadores também precisa ser constante. Seja realizada pela CBB, pelos clubes ou pelo próprio treinador.

O que a CBB fez chamando os treinadores para acompanhar de perto os treinos da seleção, é algo maravilhoso e serve de incentivo para que as federações e clubes façam o mesmo.

É preciso entender que nós temos bons treinadores e uma base para ser lapidada, mas é necessário trabalhar com os pés no chão a cada dia para que possamos evoluir. Lembrando que o foco não pode ser só para a próxima Olimpíada de 2024 e sim, para que os próximos 50 ou 100 anos sejam dourados.

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