Cristiano Maranho se aposenta dos jogos FIBA: “Deixo um legado”


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Um dos maiores árbitros que o Brasil já produziu, Cristiano Maranho se despediu nesta semana dos jogos FIBA. Sua última participação aconteceu pela Champions League Américas, nesta última segunda-feira. Maranho tem um dos currículos mais impressionantes da arbitragem mundial, com três Jogos Olímpicos (Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016), quatro Mundiais (Japão 2006, Turquia 2010, Espanha 2014 e China 2019). Além disso, esteve no Mundial Feminino 2010, na Eurobasket 2017 e na final dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019.

O árbitro segue atuando nas competições nacionais, como Liga Nacional de Basquete, Brasileirão e Liga de Basquete Feminino, e bateu um papo com a CBB sobre sua aposentadoria internacional. Ele se formou árbitro em 1995 pela Federação Paranaense e em 1998 tirou a licença de árbitro internacional.


CBB: Qual  é a sensação da carreira quando olha tudo que vc conquistou?
A sensação é ótima. Quando você olha para trás e vê tudo que conquistou. Saio com a cabeça erguida. Tudo que um árbitro sonha na vida, eu consegui. Realizei meus sonhos e desejos como árbitro internacional.

Qual foi o jogo mais emocionante?
Em relação aos jogos, foram alguns. Lógico, todas as finais marcaram bastante. Mais dois jogos me marcaram muito. Argentina e Austrália, masculino, meu primeiro jogo em Olimpíada. Quando pisei na quadra, nos aros, aquilo ali, a garganta secou. Era meu primeiro jogo olímpico. Realização de um sonho, marcou muito. Agora, mais no final da carreira, em 2017, na Eurobasket, Turquia e Espanha com quase 20 mil pessoas no ginásio, uma loucura. Foi o jogo mais difícil da minha vida. Bem complicado, mas deu tudo bem. No Brasil tem rivalidades, Flamengo e Brasília, finais, recentemente Flamengo e Franca, jogo 5 em Franca, ginásio cheio. A gente sabe que Franca é especial para o basquete brasileiro. Sou o único árbitro brasileiro a apitar final de Eurobasket, duas finais de Mundial. Conseguir todas as finais do mundo FIBA não é fácil.

Cristiano Maranho em sua última partida FIBA, na segunda-feira, pela Champions League

O quanto a Covid prejudicou?
Eu tive COVID-19 no final de novembro, início de dezembro. Sem muito sintoma, mas depois percebi fadiga. Meu rendimento nos treinos não era o mesmo. Não conseguia melhorar. Falta o ar, puxo, parece que fecha. É isso prejudicou muito. Também tive problema no tendão de Aquiles. Voltei. Tinha que fazer isso teste físico FIBA, mas o tempo foi curto, fiz na sede do Brasileirão e não consegui. No minuto sete vai pra mais intensa, precisava de mais oxigênio e não conseguia. Pulmão só ia pra 50%. Formigava mão. Tontura. Parava. Chegou um ponto que fui treinar mais forte. Pedi tempo pra FIBA e tive um estiramento. Chega um momento que tem que pensar e parar o que vale a pena ou não. Podia ficar de fora da reta final da temporada. Parei e pensei o que vale a pena. A hora chega para todo mundo. Saber parar é importante. Sair por cima, pela final do Mundial da China, uma boa imagem. A COVID deixou uma sequela muito grande em mim.

Até quando você vai na carreira nacional?
Segunda foi meu último jogo internacional. Mas é, no Brasil, pretendo apitar mais algumas temporadas. Não sei o quanto o meu corpo vai deixar. Vou até quando meu corpo deixar. A vantagem é que agora tenho um tempo de recuperação maior. Com essa aposentadoria internacional, vou poder cuidar mais do meu corpo. Mais algumas temporadas eu consigo. Mas, determinar, não tenho ideia.

Maranho apitou a última Copa do Mundo, na China, quando esteve na final inclusive

 

 

Fonte: Assessoria CBB

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