Uma bolha que explodiu de orgulho


icone facebook icone twitter icone whatsapp icone telegram icone linkedin icone email


A 24ª edição da WNBA, que na próxima semana inicia sua série final, já entra pra história por ter sido a primeira vez que foi realizada em uma única sede, dentro de uma 'bolha' criada em virtude do COVID-19. Esse fato por si já seria suficiente para fazer desta, a temporada mais inusitada de todas. Mas alguns outros fatos trouxeram um diferencial para a competição, neste ano de 2020.

Protestos que levaram a adiamento de partidas, jogadoras e comissões técnicas unidas clamando justiça pelo assassinato de Breonna Taylor; uma mulher negra americana, assim como tantas atletas da liga. Esse grito fez com que as doze franquias da liga vestissem uma mesma camisa estampando uma frase que foi projetada para fora das quatro linhas: BLACK LIVES MATTER. Era a voz do basquete feminino dando um recado ao mundo.



Além destes fatos marcantes, nós brasileiros temos um motivo a mais para não esquecermos esta temporada. Um motivo que pode citado por duas letras: DD.

DD, Damiris Dantas. Nossa única representante, fez sua melhor liga desde 2014, quando estreou. Sua média de 12,9 ppg (pontos por jogo) na temporada regular disparou nos playoffs, atingindo 18. Seu aproveitamento nas bolas de 3 pontos nesta fase alcançou incríveis 51,9% (14 em 27 tentados), e 7,5 rpg (rebotes por jogo). Comentaristas de redes como ESPN americana, ABC, TSN não cansaram de tecer elogios a nossa concidadã. Falas como: 'ela esta em chamas'; 'é uma jogadora completa'; 'é uma jogadora fundamental nesse time', reforçaram a importância de DD num time campeão como o Lynx.

O desempenho da brasileira criou uma espécie de 'febre da W' por aqui. Milhares de torcedores buscavam notícias sobre os jogos, transmissões e até mesmo comprando a 'league pass'. Valia tudo para acompanhar aquela que trazia, a cada jogo, mais orgulho para nosso povo, tão carente de alegrias. O ano foi tão especial para DD que sua voz ganhou força. Vários veículos de comunicação queriam ouvir Damiris, que se posicionou de forma corajosa sobre temas como racismo, igualdade e gênero.



Sua atitude motivou outras meninas, e com isso a modalidade cresceu com movimentos como 'levante a bola delas'. O basquete feminino ganhou mais visibilidade, e nossa camisa 12 foi uma das responsáveis por isso. Apesar do time de Minnesota não ter avançado as finais, o gosto que fica não tem nada de amargo. Voltamos a ter um basquete reconhecido internacionalmente e respeitado. Os frutos do trabalho na seleção desde o Pan de Lima brotam pelo mundo, com nossas meninas nos representando em países como Portugal, Espanha, Suécia, Bélgica, Turquia e Bulgária.

Para finalizar este texto de retomada de nossa coluna, resta agradecer. Gratidão a vocês, mulheres. Mulheres que levam nossa bandeira. Mulheres que resistem ao preconceito e desigualdades. Mulheres que jogam com amor e nos fazem acreditar que muito em breve, estaremos de volta entre as melhores seleções do mundo.

Fonte: Paulino Lamenha

« Voltar