Anjo do Esporte André Brazolin e CBB ajudam jovem refugiado camaronês a realizar o sonho de jogar basquete


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O amor de um jovem refugiado camaronês pelo basquete e a solidariedade de um ex-jogador e "Anjo" do esporte escreveram uma linda história de superação em uma das maiores favelas de São Paulo.

O camaronês Adrian Mohaua, de 21 anos, tem uma história de vida que facilmente faria muitos desistirem de seus sonhos e talvez trilhar caminhos errados. Aos oito anos ele viu seu pai ser assassinado na sua frente. Com medo de terem o mesmo destino, a família de Adrian decidiu fugir de Camarões. A mãe e o irmão conseguiram ir para os EUA. Após um tempo, com a ajuda de um amigo de seu pai, Adrian também se refugiou em solo norte-americano.

O jovem ficou dos oito aos 18 anos nos EUA falando com a mãe apenas pelo telefone. Teve a ajuda de uma senhora que cuidou dele e pode frequentar um College. Mas o visto de Adrian expirou e o jovem acabou indo para Gana, onde ficou por um tempo. Lá ele soube que no Brasil havia oportunidades para jogadores de basquete e decidiu investir tudo no seu grande sonho.

Chegando ao Brasil, mais especificamente a São Paulo, Adrian dormiu no aeroporto, na rodoviária e até mesmo na rua. Finalmente conseguiu um emprego de ajudante de cozinha e, através de um conhecido, um refugiado angolano, teve a sua grande oportunidade.

Esse refugiado angolano passou para Adrian o contato de André Brazolin, ex-jogador de Seleções Brasileiras de Base, além de clubes de massa como Corinthians e Flamengo. Conhecido como "Anjo do Esporte", em função dos projetos sociais que desenvolve no Instituto que leva o seu sobrenome, André está acostumado a acolher e dar esperança a refugiados.

"Recebi uma ligação com uma pessoa falando em camaronês, depois francês, inglês... Aí perguntei se ele falava português e ele disse que entendia um pouco. Ele pediu para conservar um minuto comigo porque a vida dele era o basquete, o sonho dele era ser jogador de basquete e gostaria muito de uma oportunidade de jogar no Brasil", explicou André sobre a ligação que recebeu de Adrian.

E o "Anjo" não pensou duas vezes. Chamou Adrian para conversar, mas não em um escritório, e sim na quadra de um dos núcleos do Instituto Brazolin, localizado na favela de Paraisópolis, a segunda maior de São Paulo.

"Isso foi no final de 2016. Ele tinha chegado há umas duas semanas no Brasil. Chegou cedo no treino e logo nos primeiros movimentos percebi que o moleque era diferente. Ele tem uma postura defensiva de americano, bastante habilidade e muito seguro de si. Me lembrou o Dexter Shouse, que brilhou em Franca nos anos 90. Aí pensei: ele vai fazer parte do time", lembrou André.

Adrian, que tem 1,82m e é armador, foi acolhido e incluído pelo belo trabalho de humanização do Instituto Brazolin. Era tudo que ele precisava naquele momento. Ou quase tudo. Como refugiado, Adrian precisava vencer a burocracia para poder jogar basquete no Brasil. E foi aí que entrou a Confederação Brasileira de Basketball (CBB). A entidade, por meio do seu Presidente Guy Peixoto e do Diretor-Executivo, Marcelo Sousa, entendeu a complexidade do caso e atuou juntamente com o Instituto Brazolin para que a filiação de Adrian pudesse acontecer, conseguindo assim a inscrição de estrangeiro de nº 3000 para que ele pudesse jogar no basquete brasileiro.

"Quando eu e o Presidente Guy Peixoto soubemos da história do Adrian, nos prontificamos a dar todo o apoio da CBB. O Instituto Brazolin realiza um trabalho maravilhoso no campo social e a CBB está sempre aberta para dar oportunidades aos jovens que sonham em praticar esporte e jogar basquete", destacou Marcelo Sousa.

Adrian faz questão de agradecer a quem tanto o ajudou. "Sou refugiado no Brasil já fazem dois anos. Estou muito alegre e queria agradecer ao Instituto Brazolin e à CBB, principalmente ao Presidente Guy Peixoto e ao Diretor Marcelo Sousa, pelo carinho e por essa oportunidade que estão me dando. Já sofri muito na minha vida e o esporte, o basquete, é uma porta de salvação para mim, então agradeço do fundo do meu coração", afirmou.

Hoje o jovem camaronês mora em João Pessoa (PB) onde estuda na Unifacisa e joga pela equipe do Jasfa Basketball, que recentemente venceu a Copa Brasil - Fase Nordeste e garantiu classificação para a Supercopa do Brasil, que será realizada em julho na cidade de Ponta Grossa (PR).


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